Entre a Lisboa subterrânea e a Lisboa contemporânea: dois museus, duas visões, duas experiências
No dia 6 de Novembro de 2014, os alunos de Património Cultural e Turismo da Licenciatura de Turismo da Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT), cumpriram mais duas visitas, acompanhados pela Prof.ª Doutora Ana Cristina Martins.
Atravessando, com rapidez e azáfama, a longa e cosmopolita Rua Augusta, em direção a compromissos inadiáveis controlados pelo impiedoso movimento dos ponteiros do relógio, ou simplesmente deleitados com as montras das suas inúmeras lojas e surpreendentes atuações públicas, poucos serão os que recordam, sabem ou suspeitam, sequer, que, por debaixo da calçada portuguesa pós-Pombalina percorrida, se esconde um dos maiores tesouros da capital portuguesa: vestígios materiais ilustrativos de mais de 2 000 anos de História.
Foi, assim, franqueando as portas do edifício do Banco Millenium BCP, ocupando um quarteirão inteiro em plena Baixa lisboeta, próximo do Arco da Rua Augusta, que os alunos tiveram a oportunidade de entrar no Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros pertencente à Fundação desta instituição bancária.
Inaugurado na década de 90 do século passado, este Núcleo constitui uma rara oportunidade para quem pretenda conhecer, por breves instantes que seja, mesmo que de modo parcelar, a riqueza e a variedade do quotidiano de uma Lisboa mais próxima do Tejo, desde a presença fenícia até ao terramoto de 1755.
Percorrer a área pertencente a este Núcleo museológico significa, pois, mergulhar, fundo, na história da cidade, apreciando aspetos fundamentais e raramente visualizados sobre a evolução de uma das suas zonas nevrálgicas, designadamente ao tempo da Olisipo romana – quando o Tejo bordejava ainda o atual Rossio e o Terreiro do Paço era uma ampla praia -, e a Era dos Descobrimentos.
Subindo as escadas que os fizeram regressar das profundezas do tempo ao rebuliço diário dos nossos dias, os alunos atravessaram a Rua de S. Julião para entrarem noutro espaço museológico, bem distinto do anterior, a não ser no facto de se encontrar na mesma Rua e num edifício com as mesmas características arquitetónicas: o MUDE – Museu do Design e da Moda, inaugurado em 2009.
Outrora ocupado pelo Banco Nacional Ultramarino e pela Caixa Geral de Depósitos, o museu desenvolve-se ao longo de vários andares ocupados pela exposição permanente e por exposições temporárias.
Primando pela inovação ao nível da conceção espacial e da apresentação das peças, num constante work in progress, atuante e dinâmico, este museu surpreende pela linguagem contemporânea do invólucro e dos conteúdos, constituindo caso único no panorama museológico e museográfico nacional que tanto interesse tem suscitado junto de turistas, sobretudo estrangeiros, em busca de elementos diferenciadores de um país e de uma capital que se pretendem atuais e, nalguns casos, vanguardistas.